Área de Concentração

 

Teatro, Dança e Direção de Arte

 

A primeira circunscrição da área de concentração Teatro, Dança e Direção de Arte situa-se na perspectiva de que estes três campos relacionam-se de modo poroso entre si, ao mesmo tempo em que se mantém consciência das especificidades relativas a cada um deles. Esta área de concentração ratifica, também, a capacidade de se pensar e produzir conhecimento por meio das faculdades singulares da cena, colaborando com a solidificação de estudos e pesquisas em Artes de forma dinâmica e verticalizada, reconhecendo na porosidade mencionada, uma especificidade contemporânea das Artes da Cena.

 

A contemporaneidade também aponta para a relação interdependente entre áreas diversas do conhecimento, com vistas a um pensamento complexo e consciente do contexto holístico atual. Esta área de concentração compreende, portanto, as Artes da Cena dentro de um nexo/léxico de relações interdependentes, ao mesmo tempo em que ratifica o lócus específico da cena. Isso a distingue de abordagens que se autodefinem fora de qualquer território disciplinar porque, embora assuma o trânsito com outros saberes, conserva o contexto da cena como lócus elementar, em suas múltiplas manifestações, formas e possibilidades de abordagem. Exemplo clássico desse cruzamento de saberes, que não retira a singularidade cênica, é a relação entre as grandes teorias do teatro e a filosofia que, através de pensadores como Aristóteles, Hegel, Schiller, Nietzsche e Deleuze (para citar alguns), engendrou novas perspectivas de compreensão acerca do fenômeno cênico, na formulação de teorias sobre os conceitos de trágico, dramático, épico e, atualmente, as teorias do pós-dramático e da performatividade.

 

Deste modo, a área de concentração Teatro, Dança e Direção de Arte inclui investigações acerca da relação entre ética e estética, cultura popular, circo, ópera, arte-educação e das experiências cênicas de fronteira, como a dança-teatro, o teatro físico, o teatro coreográfico, a videodança, fotoperformance, as dramaturgias da imagem e as imbricações entre teatro, dança e audiovisual, numa perspectiva aberta de compreensão da diversidade do fenômeno, em seus amplos matizes.

 

Em termos de área de conhecimento CAPES, ela se insere no campo das Artes, transitando com mais ênfase entre as subáreas do Teatro e da Dança, como os dois grandes referenciais da expressão cênica ocidental, compreendidos entretanto de forma híbrida, cujas fronteiras são tomadas apenas como referencial. Por outro lado, ao situar a Direção de Arte como terceira subárea, pretende-se enfatizar a importância que as linguagens não-verbais têm desempenhado na cena contemporânea, forçando-nos a considerar as poéticas relacionadas à plástica e visualidade da cena tão relevantes ao processo criativo quanto as metodologias voltadas ao trabalho corporal, à atuação, expressão vocal e verbal. A Direção de Arte é pensada, portanto, no contexto da ampliação contemporânea dos conceitos abertos de dramaturgia. Essa abordagem também colabora com o diálogo, cada vez mais intenso, das perspectivas cênicas com o campo das artes visuais e do audiovisual, em mão dupla, ou seja, tanto no que se refere à penetração crescente da imagem e do audiovisual no fazer cênico, quanto à contaminação do audiovisual pelas perspectivas cênicas, que orientam a busca por novas formas, para além do tópos dramático tradicional.

 

O propósito da área de concentração é portanto o de investigar, refletir, contestar e revisitar paradigmas cênicos, no que se refere aos processos de criação, formação e teorizações transversais sobre o estatuto cênico. Espera-se que o profissional, ao concluir o Mestrado em Artes da Cena da UFG, possa atuar em universidades e/ou comunidades, com plena consciência das possibilidades e dos limites da singularidade desta área do conhecimento, no que tange à criação, produção, circulação, formação, dentre outras dimensões que integram a área de produção do conhecimento cênico para e na atualidade.